Flávio da Luz de Oliveira
Acho que eu sempre sonhei. Às vezes acordado, às vezes dormindo. Descobri, por acaso, que existe um portal dimensional que podemos acessar através dos sonhos. Gostaria muito de compartilhar com vocês esta experiencia surreal. Na segunda-feira passada a Professora Luísa Aranha nos falou de um monstro, que nos impede de escrever e, que no final deveria ser vencido.
Quando terminou a aula os monstros me cercaram. Não era um, mas vários monstros. Fiquei até a meia noite estudando música e tocando violão para espantá-los. Quando fui dormir, como de hábito, fiz um relaxamento completo dos pés à cabeça. É exatamente nesse momento, entre a vigília e o sono, em que não estou nem acordado e nem dormindo, que o portal de acesso à dimensão paralela se abre. É um momento ínfimo. Se vacilar não passa. Passei. Então, lá ia eu caminhando distraído numa noite de lua cheia. De repente, a terra rugiu e um abalo sacudiu tudo. Gritei:
- Quem está aí?
- Sou o Monstro da Vergonha, da timidez. Que queres tu?
- Quero escrever um livro.
- Como ousa ter tal esperança?
Uma voz tonitruante respondeu por mim:
- Porque é um ser humano LIVRE e PURO!
Abriu-se uma fenda enorme. E a terra me engoliu. Fui caindo, caindo. O ventre da terra era oco e se abriu como um universo paralelo. Parecia o nosso próprio Universo. Tinha abóboda celeste, estrelas, sol, lua. Matas densas e rios caudalosos. Segui pela margem de um rio que tinha as águas com duas cores, cor negra como uma Pepsi-cola e uma cor amarela como uma Fanta. E não se misturavam. De repente surgiu da água uma enorme sucuri, a maior serpente que já vi. Gritei:
- Quem está aí?
- Sou o Monstro da Luxuria e da preguiça. Que queres tu?
- Eu quero escrever um livro.
- Como ousa ter tal esperança?
Aquela mesma voz respondeu por mim:
- Porque é um ser humano LIVRE e PURO!
O monstro abriu uma enorme boca e me engoliu. No ventre da cobra corria um rio de águas limpíssimas. Mergulhei o mais profundo que pude e encontrei um lindo castelo encantado. Sobre um trono de pedra estava sentada uma Rainha Salamandra. Uma cabeça brilhante, um corpo de mulher, sem roupas e sem adornos, todo de fogo e transparente. Perguntei:
- Quem és?
- Sou Sofia a tua Alma Escondida. Já sei o que queres. Como eu disse lá atrás:
- És um Ser Humano LIVRE e PURO. Podes escrever sobre o que quiseres. Sobre filosofia, religião, romantismo ou erotismo.
- E se os monstros me engolirem?
- Os monstros não estão fora, mas dentro de ti.
- Como assim? Dentro de mim?! Dentro da minha barriga?
- Nooosa! Quanta ignorância! Claro que não. Eles habitam o teu universo psíquico. Que está sendo construído desde muito tempo. Desde muito antes dos avós dos teus avós terem nascido! Vai lá e escreve. Todas as esperanças te serão permitidas! Seja livre e puro. Mas, jamais sejas ingênuo!
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